É preciso desejarmos o desejo de Jesus

Neste vigésimo Domingo do Tempo Comum, a Palavra do Senhor vem inspirar nossa reflexão sobre o desejo de Jesus a nosso respeito. O Evangelho de Lucas 12, 49-53, se inicia com o Senhor dizendo o que anseia para a Igreja: “Eu vim para lançar fogo sobre a terra, e como gostaria que já estivesse aceso! Devo receber um batismo, e como estou ansioso até que isto se cumpra!” (Lc 12,49-50). Vamos, então, nos abrir ao Espírito Santo para que Ele nos esclareça em que consiste a ânsia do Senhor sobre nós.

A primeira graça a ser considerada é sobre o fogo que Jesus veio trazer. Trata-se, podemos declarar, ser o fogo do amor. É a Pessoa do Espírito Santo que vem aquecer, ou melhor, incendiar nossos corações com a sua presença. Já recebemos o Espírito Santo no Sacramento do Batismo, e dessa riqueza devemos nos reconhecer portadores. Não basta, entretanto, tê-lo recebido, se faz necessário que realmente tenhamos no coração o ardor de seu fogo nos consumindo, a ponto de sermos santificados e transformados em testemunhas do fogo Divino neste mundo.

O Senhor aspira realizar e renovar em nós a experiência com o Espírito Santo, quer vê-lo resplandecente em nós. Quando Jesus diz que deveria ser batizado, ele não anula seu batismo no rio Jordão pelas mãos de João Batista, mas ao contrário, busca nos revelar a essência do Batismo que Ele quer nos conceder, o batismo no Espírito Santo e no fogo. Jesus queria que se cumprisse um batismo traduzido em sua paixão, morte e ressurreição. Desde a queda do homem no paraíso do Jardim do Éden, era certamente o maior desejo do Senhor. Assim, mergulhar, ou seja, entrar por completo em nossos sofrimentos para nos libertar do pecado e da morte, ansiava Jesus. Essa era a única forma de sermos novamente mergulhados na presença de Deus. Era, também, a única forma Dele se derramar em nossos corações.

Por meio da paixão, morte e ressurreição de Cristo Jesus, somos reintroduzidos na intimidade com Deus. Da cruz nos é dado o Espírito Santo, que nos torna filhos de Deus. Temos, como filhos amados de Deus, o direito, adquirido por Jesus, de reabitar na comunhão com Deus, direito esse que foi dado por herança, agora, na condição de filhos de Deus. Do peito aberto do Senhor pela lança de nossos pecados, jorra sobre nós o Espírito de Jesus. E o Senhor não cessa de derramar o seu Espírito, bem como na plenitude dos tempos derramou sobre nós o fogo do Espírito Santo, na manhã de Pentecostes. Porém, Jesus mantém esse desejo até os dias atuais. O Senhor tem esse mesmo desejo incessante a nosso respeito, e para sermos felizes é imprescindível desejarmos as mesmas coisas que o Senhor, para cada um de nós.

O fogo do Espírito Santo que Jesus veio trazer para nós vale mais do que qualquer coisa neste mundo, portanto, podemos, e precisamos rezar assim: “Senhor Jesus Cristo, eu te agradeço por desejares dar-me o teu Espírito. Me sinto amado e honrado em receber tamanha graça. Quero hoje te pedir, Senhor, que faça nascer em minha vida um profundo desejo de ser tomado por seu fogo abrasador. Concedei-me aspirar, com todas as forças do meu viver, a ser incendiado pelo ardor do Espírito Santo. Dai-me ainda a graça de vos testemunhar e comunicar com a vida e com as palavras o fogo do seu amor a todas as pessoas.

Glórias a Ti, Senhor!

 

Texto: Emerson Alves