Supere a procrastinação para ir ao céu

A liturgia deste 25° Domingo do Tempo Comum nos apresenta o texto de Lucas 16, 1-13, em que Jesus conta a parábola do administrador desonesto. Se fizermos a leitura de forma fundamentalista, desconectada do contexto e do objetivo final das palavras do Senhor, que é nos conduzir a vida eterna, teremos uma interpretação errada de suas palavras. O versículo que iluminará o presente texto é o 8b “Pois os filhos deste mundo são mais astutos uns com os outros do que os filhos da luz”.

A palavra que retiramos para nossa reflexão mostra Jesus ao colocar em destaque a atitude do administrador que foi astucioso no uso da sabedoria deste mundo. Ele seria demitido, mas foi esperto e pensou como seria seu futuro depois de perder o emprego, todavia, não podemos nos esquecer, que para Jesus, a sabedoria do mundo é vã e só conduz a perdição, como nos é dito na parábola do rico estulto (Lc 12, 16-21).

O enfoque central que devemos extrair do Evangelho de hoje não é sobre ser esperto ou não aos olhos deste mundo, mas sim o perigo de hesitar e não nos decidirmos pela comunhão eterna com Deus. O elogio que o Senhor faz é porque o administrador, enquanto representante dos filhos do mundo não ficou sem ação, não se paralisou numa indecisão, ele escolheu “escolher”, mesmo que tivesse o risco.

Jesus fala isso para despertar em nós o senso da realidade objetiva, de fazermos uma leitura clara de que é hora de nos decidir em relação aos bens que nos foram confiados. E o primeiro bem, que é um dom Divino, é a própria vida. Se quisermos ganhar a vida, conforme a sabedoria do Evangelho, o único caminho é perdê-la. Quantas vezes ainda estamos indecisos entre nos entregar ao Senhor ou buscar as coisas do mundo?

Para o administrador o pior que poderia ocorrer é ser despedido e não ter para onde ir, por isso ele foi rápido em procurar quem devia ao seu patrão e começar a renegociar as dívidas. Para nós, o pior é terminarmos a vida, sem nela termos tomado a decisão por uma vida voltada para a eternidade. O pior que nos pode acontecer é quando formos nos despedir desta vida mortal, o que é inevitável, o Senhor, ao olhar para nós, naquela hora decisiva da prestação de contas dos bens que recebemos, perceber que administramos mal as nossas vidas, sem a coragem de a desprezar pelo bem eterno.

Se hoje o Pai do Céu, que é o rico da parábola que nos confiou seus bens, olhar para nós, o que ele verá? Estamos administrando bem ou mal o Dom da vida que Ele nos concedeu? Existe uma palavra que permeia os consultórios e está continuamente na boca dos mentores de organizações empresariais, que sempre advertem seus administradores a evitá-la de todas as formas, que é o ato de procrastinar, que significa adiar decisões, delongar suas ações. Para nós, agraciados pela Trindade com o Dom da Vida, cabe mais ainda a busca por vencer a mais perigosa procrastinação, aquela que diz respeito a vida eterna.

Logo, somos chamados a romper com o meio termo, não dá para viver e nos acomodar sem estar inteiramente voltados para o céu, por isso, o Senhor nos desafia a agirmos rápido. A hora é agora!

Texto: Emerson Alves