Reviver em Cristo: Convertei-vos e crede no Evangelho

A Comunidade Católica Reviver deu prosseguimento a agenda de 2023 com o encontro de avivamento Reviver em Cristo, neste domingo (12), no Centro de Evangelização São João Paulo II, localizado a rua Tabaiares, 30, bairro Floresta, em Belo Horizonte. O encontro contou com pregações, momentos de louvor, orações por cura e libertação e uma celebração eucarística.

Com o tema “Convertei-vos e crede no Evangelho”, o evento teve pregação do missionário Valter Araújo e do co-fundador Vitório Evangelista. “A palavra conversão significa mudanças de certezas, de ideias, de conceitos, de visão de vida. A conversão pressupõe o começo de uma nova maneira de viver, por isso o primeiro passo para iniciar o processo de conversão é o arrependimento. Ela exige uma progressiva conformação do nosso coração, da nossa mente e das nossas atitudes com a vontade de Deus, ou seja, que só Deus ocupe o primeiro lugar na nossa vida. Neste sentido conversão é comunhão com Deus, com a Igreja e com os demais fiéis, é reconhecer que precisamos de Deus, de mudança de vida, de sermos fiéis à sua Palavra e aos seus mandamentos”, pregou Valter.

Já Vitório, em sua pregação destacou como podemos nos converter. “Para se converter, para caminhar atrás do Evangelho, é preciso acolher Jesus como luz da vida, como luz que orienta nosso modo de viver nas estradas do mundo, por isso conversão é também acolher Jesus em nossa vida, ser capaz de amar o próximo, mesmo o adversário; não pensar só em si mesmo, não se tornar escravo da riqueza, mas estar aberto a partilha; não viver obcecado pelo ter e pelo poder seja ele econômico, político ou religioso”, apontou.

SANTA MISSA

A liturgia foi presidida pelo padre Padre Weliton Martins (CM), da Paróquia Pai Misericordioso, que integra a Arquidiocese de Belo Horizonte, e teve a participação dos missionários da comunidade, seus familiares, e do público geral que estava presente no encontro. O sacerdote destacou que devemos ter sede de água viva e buscar sempre a Deus. Confira um trecho da homilia:

“A promessa da água viva que Jesus fez à Samaritana tornou-se realidade na sua Páscoa: do seu lado trespassado saiu sangue e água. Cristo, Cordeiro imolado e ressuscitado, é a fonte da qual brota o Espírito Santo, que perdoa os pecados e regenera para a vida nova. Se a nossa busca e sede encontrarem plena satisfação em Cristo, manifestaremos que a salvação não está nas “coisas” deste mundo, as quais no final produzem a seca, mas n’Aquele que nos amou e nos ama sempre: Jesus, nosso Salvador, na água viva que Ele nos oferece”

A sede se sacia no encontro com a verdade

Estamos em tempo no qual somos chamados a uma conversão profunda. Para tal graça, deixemos que a liturgia deste 3° Domingo da quaresma, nos ajude á abraçarmos a verdade de nossas vidas, para que assim, ocorra uma conversão verdadeira. O fio condutor que servirá inspiração á nossa reflexão está no Evangelho João 4, quando nos apresenta o encontro de Jesus com a Samaritana.

O texto começa por dizer que o Senhor tinha uma necessidade de passar pela Samaria. Era comum aos judeus evitar passar por aquelas terras consideradas pagãs. Havia também o interesse em evitar o conflito, dado a rivalidade entre os dois povos. Porém, ao dizer-nos que Jesus devia passar por lá, o evangelista nos faz entender a pressa, a necessidade, parecendo que se tratava de um compromisso inadiável. O amor misericordioso de Cristo supera os preconceitos, o torna próximo daqueles que Dele precisavam.

Em sua bondade, Jesus sabia que naquela cidade haviam pessoas sedentas, que não tinham água capaz de os saciar. Ali, seus moradores viviam praticando aquilo que o profeta Jeremias diz: “Porque meu povo cometeu uma dupla perversidade: abandonou-me, a mim, fonte de água viva, para cavar cisternas, cisternas fendidas que não retém a água” (Jr 2,13).

Por analogia, somos nós o povo de Samaria, somos nós essa Mulher samaritana, que anseia encontrar a fonte de água viva, capaz de nos saciar e nos ressignifcar. O texto da liturgia da Palavra faz menção a localização do encontro: Sicar, que significa: terra dos bêbados, lugar onde as pessoas bebiam da água errada. Jesus, se dirige aquelas bandas justamente por esse motivo, queria lhes apresentar a água viva, na qual, de maneira legítima deveriam se embriagar. A samaritana antecipa o que na Cruz de maneira pública se manifesta. Na primeira leitura de hoje (12), em Êxodo 17, 6 Moisés ao golpear a rocha também é prefiguração da lança do soldado, que transpassa o coração de Cristo e faz jorrar sobre nós a água de Seu Espírito.

Vamos agora nos deter no que esse diálogo entre Jesus e a Samaritana tem nos inspira a praticar. A primeira coisa a saltar aos nossos olhos é como Jesus prova o seu amor Divino a todos nós. Ao aproximar-se e dizer: “Mulher, dá me de beber!”, Ele se aproxima de nós, nos dá acesso a sua Pessoa, demonstra que não é indiferente aos nossos problemas. A sede do Senhor não era tanto de água, e sim de encontrar a Samaritana e lhe abrir o coração. Seu pedido tem a finalidade de evidenciar a sede que nela havia.

A graça aconteceu porque houve profundidade no diálogo, entrega, revelação de ambos na interação. Jesus declara sua identidade, quando a ouve da mulher: “Sei que deve vir o Messias (que se chama Cristo); quando, pois, vier, ele nos fará conhecer todas as coisas”. (25), E o Senhor se revela claramente: “Disse-lhe Jesus: “Sou eu, quem fala contigo”. (26). Ao dar-se a conhecer a Mulher, ela é provocada e corresponde: “Não tenho maridos”. (17a). Ela teve a coragem de confessar suas fraquezas, seus pecados. O Espírito da verdade, no diálogo, na escuta de Jesus que é a Palavra, foi progressivamente saciando o coração da Samaritana.

Sem tomarmos consciência de nossa verdadeira realidade diante de Deus, de nossa incapacidade de resolver a sequidão de nossos corações, não há como sermos saciados. É preciso deixar o Espírito Santo gerar em nós a graça de rezar a nossa verdade. Jesus tem uma sede tão ardente da alma da Mulher que a leva a revelar sua realidade. Precisamos do Espírito Santo agindo em nós para guiar nossas aspirações para o Cristo redentor, para seu coração aberto na cruz.

Nossa sede é tão grande, e somos tão incapazes de saciá-la, que Deus em seu amor, vem em nosso auxílio. O Espírito Santo vem nos convencer, como fez a Santo Agostinho, que rezou: “Fizeste-nos para ti, ó Senhor, e o nosso coração está inquieto enquanto não repousar em ti”. (Confissões I, 1). É preciso levar a sério nossa realidade se quisermos converter de modo profundo e integral nesta quaresma.

O poço na cultura bíblica é sinônimo de revelação. A passagem do chamado original de Moisés foi a beira de um poço, Êxodo 2,15. No poço Deus se desvela. O poço de Jacó, apresentado em Genesis 29, 1-10, é também uma prefiguração da Cruz, se lá no livro das origens, havia uma pedra que foi removida por Jacó, na Cruz, nossa verdade, quando apresentada ao Senhor faz descer a água viva do amor Divino, do lado aberto de Jesus.

Somos chamados a subir ao monte calvário, nos colocarmos junto ao poço novo, ou melhor, a fonte de água amorosa inesgotável e deixar que nossos corações sejam plenificados pela graça de Deus.

Texto: Emerson Alves