“Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. Pois, quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la” (Mt 16,24-25)
Pode-se dizer que o centro do Evangelho da liturgia do 22º domingo do tempo comum, temos como centro a Cruz de Cristo Jesus.
Jesus ao chamar os discípulos para o seguimento, não faz nenhuma proposta atraente, que torne o chamado irrecusável, não promete o carro importado, revelar os números da megasena, tão pouco, férias em Dubai, sua frase é curta é objetiva: “vem e segue-me”. Por outro lado, aos que aceitaram seu chamado, ele não esconde a verdade, mesmo que essa, pela incompreensão do discípulo seja rejeitada. A reação de Pedro, ao ouvir Jesus falar da rejeição do seu sofrimento e morte na cruz, é típica de quem serve a Deus por medo, não por amor, de quem pensa em si mesmo e não na comunidade.
O chamado que Jesus nos faz hoje, comporta antes, uma condicionante: “Se”. Não é obrigado a seguir, o discípulo é livre para aceitar ou não o chamado. Mas Jesus não negocia as condições, o chamado não é imposição, mas proposta, ele não abre mão dos valores explícitos no chamado. “Renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga” (Mt 16,24) Quem não renuncia a si mesmo, não pode se tornar discípulo de Jesus, pois renunciar a si mesmo implica em deixar Cristo viver em mim. Quando Paulo afirma: “Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim”. (Gal 2,20) não é apenas uma frase bonita e de efeito, mas ele assume de fato essa escolha. Deixar Cristo viver em mim, é assumi-lo por inteiro, não se desvincula o Cristo de sua cruz. Um discípulo sem cruz torna-se um terreno infértil, onde a semente da palavra não germina, se germinar, não cresce, se crescer não produz fruto: é figueira que só tem folha.
Quem renuncia a si mesmo, toma a sua cruz e caminha no seguimento de Jesus é porque se deixou seduzir por ele.
Seduzistes-me Senhor; e eu me deixei seduzir! Dominastes-me e obtivestes triunfo. (Jr 20,7)
Texto: Vitório Evangelista