Você quer viver plenamente a Sagrada Escritura? Leia este texto!

O Evangelho deste 6° domingo do tempo comum (12), trata de diversos assuntos, dos mandamentos, dos princípios morais, da prática da justiça e das obras como testemunhos da caridade. Para nos inspirar, vamos refletir sobre o seguinte versículo: “Não julgueis que vim abolir a Lei ou os profetas. Não vim abolir, mas sim levá-los à perfeição”. (17) E, através de seu sentido, captar para cumprir plenamente a vontade de Deus.

Quando Jesus diz que não veio abolir a Lei, nem os profetas, devemos antes de mais nada aprofundar nosso entendimento do que vem a ser na Sagrada Escritura: abolir julgos. Seu significado está associado ao desamarrar os julgos dos animais à noite, para que pudessem descansar. Era comum que os bois fossem amarrados aos pares por julgos ( pedaços de madeiras) colocados sobre os ombros dos animais para que eles não fossem por caminhos diferentes. As Sagradas Escrituras são o julgo, de maneira especial, a torá, que são os cinco primeiros livros conforme a interpretação judaica.

Viver o que nos diz a Palavra de Deus é assumir sobre os nossos ombros o que nos encaminha ao reino definitivo. O julgo, no sentido Divino não é um peso, mas sim, a inspiração de Deus que nos mantêm unidos, para alcançarmos juntos a vontade de Deus.

O livro de Eclesiástico, capítulo 51, 34, assim nos diz sobre o que é a Torá: “Dobrai a cabeça sob o julgo, receba vossa alma a instrução, porque perto se pode encontrá-la”. Irmãos, se não tivermos no centro do nosso coração, a Palavra, se não vivermos submetidos as profecias, nos perderemos. É somente pela prática fraterna das leis do Senhor que estaremos em comunhão verdadeira uns com os outros.

Vale a pena refletir sobre o que Jesus quer dizer quando declara que veio levar ao cumprimento pleno, à perfeição das leis e das profecias. Neste trecho bíblico, a palavra cumprimento, escrita no grego, significa encher até a borda. Mas, vamos à partir de São Tomás de Aquino, doutor da igreja, compreender melhor este versículo, para de forma firme compreender bem a palavra de Deus. Sao Tomás, conhecido como doutor angélico, ao comentar os versículos, diz que Cristo Jesus veio realizar plenamente os mandamentos. Se no primeiro testamento a ordem é para não matar fisicamente; em Jesus, devemos considerar que não podemos matar nem emocionalmente ou espiritualmente.

Com isso, é claro no Novo testamento que se matamos o nosso irmão em nosso coração, dizendo: _”essa pessoa morreu pra mim”, ou, _”determinada pessoa, lhe sou indiferente, não me importo com o que aconteça a ela”, isto é um pecado mortal, e podemos por ele ir para o inferno. A liturgia de hoje não anula as leis quando fala de homicídios, divórcio, juramento e adultério, mas nos explica de forma clara a importância de cumprir, superando o legalismo, a formalidade e atingindo a substância, a vida plena que a Sagrada Escritura nos concede.

É inadmissível acharmos que cumprimos o mandamento sobre não matarás, postamos fotos dizendo que somos pró vida, mas propagamos ódio, divisão, rivalidades. Fazer isso é um terrível contra testemunho, pois, estamos sendo contra a vida ao matar nossos irmãos em nossos corações. Não significa, todavia, sermos empurrados a cumprir algo impossível, ou seja, o amor verdadeiro aos inimigos. Jesus sabe que para isso temos dificuldades, por isso, em Mateus 11, 29, assim fala: “Tomai meu julgo sobre vós e recebei minha doutrina, porque sou manso e humilde de coração e achareis repouso para as vossas almas”. Jesus não irá tirar o julgo e sim o fardo pesado, ou seja, ao invés de termos que nos sentir escravizados pela ordem de amar os inimigos, devemos tomar essa decisão porque é o único meio de nos assemelharmos ao Senhor.

O fardo de Jesus é suave, seu julgo é leve, e é somente com eles, ou seja, com sua graça e sua Palavra de redenção que vamos ser sustentados em nossas misérias para a prática do amor misericordioso.

Texto: Emerson Alves