A liturgia de hoje convida à reflexão sobre as desigualdades que regem o mundo. Deixa claro que o projeto de Deus para todos, homens e mulheres, não inclui a injustiça, a exploração dos mais pobres, quando os poderosos se apropriam de bens que deveriam ser comuns a todos. Deus quer que todos os seus filhos, sem distinção, vivam dignamente, tendo seus direitos respeitados, indiferente de sua posição dentro da sociedade.
A parábola do rico e do pobre Lázaro que o Evangelho de hoje traz, não vem como reflexão sobre uma vida futura, após a morte, mas, sobre a forma como se deve viver no presente. Quer ensinar, de forma incisiva, qual é o verdadeiro sentido da existência humana. Ela faz refletir, antes de tudo, sobre os bens materiais que Deus confia a cada um; estes bens devem ser partilhados com todos os irmãos. São presentes de Deus, mas não pertencem a uma só pessoa. Foi a ela confiados para serem administrados e partilhados com todos os que necessitarem. Ninguém é dono de nada, mesmo que os bens que possuem tenham sido adquiridos honestamente. Todos são administradores dos bens que Deus disponibilizou e devem ser utilizados sempre visando o bem comum. A parábola faz refletir sobre a necessidade de olhar, sempre, para o irmão necessitado.
O cristão deve estar sempre atento, observando aqueles que estão à sua volta, nem sempre a necessidade dos que sofrem se referem a bens materiais. A carência pode ser de atenção, de uma palavra amiga, de acolhimento, de amor. O patrimônio que Deus confia a seus filhos pode não envolver bens perecíveis, ou seja, aquilo que pode desaparecer com o tempo, Seu patrimônio terreno pode ser aquele que nenhuma turbulência do mundo pode lhe arrancar, como a solidariedade, a disposição para o serviço, a humildade em reconhecer Cristo no irmão que sofre, o amor incondicional ao projeto de Deus para o mundo e para a humanidade. A parábola, também, quer lembrar a inutilidade e a falência da vida daquele que permanece insensível à sorte dos irmãos que caminham a seu lado, a nulidade daqueles que vivem de forma egoísta e discriminatória. Todos são responsáveis uns pelos outros, todos são chamados á comunhão. Todos devem deixar se guiar pela Palavra de Deus e construírem suas vidas de acordo com os ensinamentos d’Ele.
A atualidade precisa de homens e mulheres, que, com coragem profética, a exemplo de Amós, lembrado na primeira leitura, reivindiquem um mundo que se enquadre nos planos celestes. Não podem ser ignoradas a situação em que vivem os imigrantes, os sem teto, os dependentes químicos, os excluídos pelo preconceito de uma sociedade racista e desumana. Nenhum cristão pode se instalar em seu comodismo e permanecer indiferente ao que acontece a sua volta. A injustiça, a exploração, a ganância devem ser denunciadas e combatidas. Todos são responsáveis pela manutenção do mundo que Deus idealizou e Cristo veio instalar; pela construção de uma sociedade justa e humana, onde o amor e a caridade serão o combustível condutor que levará à vida plena e feliz.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
Dalva Pereira Silva Soares