Sem dúvida estamos vivendo tempos difíceis, onde muitos estão parafraseando, com, com o povo de Israel nos tempos de exilio: “nossos ossos estão secos, nossa esperança está morta, estamos perdidos” (Ez 37,11) Mas nesse tempo de Advento a cultivar e celebrar a esperança.
A palavra Advento significa o que está para vir. É tempo litúrgico que a Igreja celebra e vive o mistério da espera e preparação da vinda de Jesus Cristo. Nas primeiras semanas a espiritualidade de espera da segunda vinda. Nas semanas mais próximas a seu final a Igreja em sua liturgia nos prepara para as solenidades da primeira vinda de Jesus, ou seja, seu nascimento.
O Advento é o tempo forte onde a liturgia nos propõe mergulho na mística cristã. É tempo de espera e esperança, de estarmos atentos e vigilantes. Precisamos nos preparar alegremente para a vinda do Senhor, como uma noiva que se enfeita, se prepara para a chegada de seu noivo, seu amado.
O Advento desse ano de 2021, começa no último domingo do mês de novembro, se estendendo por quatro domingos, até as primeiras vésperas do Natal de Jesus.
O Advento rememora a dimensão histórica da salvação, evidencia a dimensão escatológica do mistério cristão e nos insere no caráter missionário da vinda de Cristo. Ao serem aprofundados os textos litúrgicos desse tempo, constata-se na história o mistério da vinda do Senhor. Jesus que de fato se encarna e se torna presença salvífica na história, confirmando a promessa e a aliança feita ao povo de Israel. Deus que, ao se fazer carne, eleva o tempo a sua plenitude, como nos afirma são Paulo: “Mas quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou se Filho, que nasceu de uma mulher.” (Gl 4,4) e torna o Reino de Deus tão próximo e presente no meio de nós. “Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo (Mc 1,15) Tão próximo que somos chamados a entrar nele e com ele nos comprometer.
O tempo do Advento é tempo de esperança porque Cristo é a nossa esperança (I Tm 1, 1); esperança na renovação de todas as coisas, na libertação das nossas misérias, pecados, fraquezas, na vida eterna. Esperança que nos forma na paciência diante das dificuldades e tribulações da vida, diante das perseguições.
O Advento também é tempo propício à conversão. Sem um retorno de todo o ser a Cristo não há como viver a alegria e a esperança na expectativa da Sua vinda. É necessário que “preparemos o caminho do Senhor” nas nossas próprias vidas, “lutando até o sangue” contra o pecado, através de uma maior disposição para a oração e mergulho na Palavra.
No Advento, precisamos nos questionar e aprofundar a vivência da pobreza. Não pobreza econômica, mas principalmente aquela que leva a confiar, se abandonar e depender inteiramente de Deus.
Nesse tempo do Advento, temos quatro personagens que nos ajuda muito a refletir sobre nossa vida e nossa missão de batizado.
O primeiro é o Profeta Isaías, que durante os tempos difíceis do exílio do povo eleito, levava a consolação e a esperança. Na segunda parte do seu livro, dos capítulos 40 – 55 (Livro da Consolação), anuncia a libertação, fala de um novo e glorioso êxodo e da criação de uma nova Jerusalém, reanimando assim, os exilados. As principais passagens deste livro são proclamadas durante o tempo do Advento num anúncio perene de esperança para os homens de todos os tempos.
Texto: Vitório Evangelista
Imagem: Pixabay