Neste 22° Domingo do Tempo Comum, a liturgia nos apresenta o texto de Lucas 14, 1. 7-14, dele podemos tomar como palavra inspirada para a nossa reflexão o versículo 11: ”Porque quem se eleva, será humilhado e quem se humilha, será elevado”. E para entendermos isso bem é preciso deixarmos o Espírito de Jesus nos iluminar para superarmos uma visão distorcida de que o Senhor esteja nos dando um código de conduta ou norma social para nos darmos bem estrategicamente diante dos outros. A mesa que o humilde deve sentar-se não é deste mundo, mas a da comunhão eterna, no banquete definitivo.
Jesus nos ensina que humildade não é somente confessar nossas misérias, até porque diz que devemos aprender a sermos humildes com Ele próprio: “aprendei de mim, porque eu sou manso e humilde de coração” (Mt 11, 29). E se temos que aprender do Senhor devemos ir adiante da ideia de que humildade seja apenas se arrepender dos pecados, por mais que isso nos leve a ela, mas ainda não o é, pois, podemos ver que Jesus é a humildade em si, e Ele não teve de que se arrepender, não precisou falar mal de si, não teve nem mesmo que pedir perdão uma vez sequer. Logo devemos considerar que a humildade, em nosso caso, passa por assumir os nossos pecados, mas não é somente a isso que somos chamados, para sermos humildes.
Jesus, vai nos dizer o hino cristológico de Filipenses 2, 5-11, fez o percurso da humildade ao sair de si, deixar sua condição de Deus e se abaixar, até o ponto de morrer como escravo. Devemos fazer o mesmo percurso de Cristo, mais do que externamente, mas também assumindo seus sentimentos. A humildade é dar passos concretos no sentido de descer, se colocar a serviço até o ponto de morrer o nosso eu, e só ter vida em nós o amor, como foi o itinerário da vida de Jesus.
Ser humilde, evangelicamente falando, é assumir em si a verdade, é ser absorvido pela verdade e ser “de verdade” em todos os fragmentos da vida. Temos que deixar a vida de Jesus reinar em nós, assumirmos a Ele, que é a verdade em Pessoa e nos despojarmos de nós mesmos. Devemos, assim, ficar apenas com a verdade definitiva: somos filhos de Deus. A humildade consiste em ter na relação com o Pai o tudo da vida, não precisar de mais nada para ser feliz, pois, a condição, a identidade e o título de filho de Deus bastam. E assim sendo, podemos abrir mão de tudo o mais, não porque desprezamos, mas sim porque somos saciados em sermos filhos de Deus, e em vivermos a vida que o Pai quer para nós, e não a vida de aparências e falsos títulos proposta pelo demônio.
Rezemos para que aprendamos diante de Deus e dos homens a sermos humildes e encontrarmos nossa alegria e realizações em apenas sermos filhos de Deus.
Texto: Emerson Alves