REFLEXÃO DA LITURGIA DE DOMINGO 09/11/2025
As leituras deste domingo nos convidam a contemplar o mistério da Igreja como o verdadeiro templo de Deus, lugar onde a vida brota, onde o Espírito habita e onde Cristo se faz presente. O profeta Ezequiel, na primeira leitura, tem a visão de um templo do qual jorra uma água viva que vai fertilizando toda a terra por onde passa. O que era árido se torna fértil, o que estava morto ganha vida. Essa imagem é profundamente simbólica: ela representa a graça de Deus que flui do seu templo, da sua presença, e transforma tudo o que toca. É a vida nova que nasce quando deixamos que o Espírito Santo nos purifique e renove interiormente.
O salmo reforça essa confiança: “o nosso refúgio é o Deus de Jacó.” Mesmo quando o mundo parece desabar, há um rio que alegra a cidade de Deus — é o mesmo rio que Ezequiel viu, símbolo da presença divina que sustenta e dá paz. É um lembrete de que não precisamos temer, pois Deus está no meio de seu povo.
Na segunda leitura, São Paulo recorda aos coríntios: “Vós sois o templo de Deus, e o Espírito de Deus habita em vós.” É uma revelação poderosa. Não se trata apenas de um edifício feito de pedras, mas de uma realidade viva — a comunidade dos fiéis é o verdadeiro templo. Cada um de nós é morada de Deus. Destruir esse templo, por meio do pecado, da divisão ou da indiferença, é ferir a própria presença divina que habita em nós. E Paulo ainda nos lembra que o fundamento desse templo é Cristo. Toda a construção espiritual da Igreja se sustenta sobre Ele.
O Evangelho, por sua vez, mostra Jesus purificando o Templo de Jerusalém. Ele expulsa os vendilhões e afirma: “Destruí este templo, e em três dias eu o levantarei.” Os judeus pensaram que falava do templo material, mas o evangelista nos explica que Jesus se referia ao templo do seu corpo. Aqui se revela o centro da fé cristã: o verdadeiro templo não é feito de pedras, mas da própria pessoa de Cristo. Nele, Deus se encontra com a humanidade; nele, a adoração é perfeita; e a partir dele nasce a Igreja, seu Corpo místico.
Assim, as quatro leituras convergem para uma mesma verdade: Deus não se limita a espaços físicos. Ele habita onde há vida, fé e comunhão. O templo é o lugar visível que aponta para uma realidade espiritual maior — o coração do homem que se abre à graça e a comunidade reunida em nome de Jesus.
Neste domingo, celebramos a Dedicação da Basílica de São João de Latrão, a catedral de Roma e a igreja-mãe de todas as igrejas do mundo. Essa festa recorda que a fé cristã é encarnada: precisa de espaços, de comunidade, de sinais visíveis. A Basílica de Latrão é o símbolo da unidade da Igreja em torno do Papa, sucessor de Pedro, e da comunhão de todos os fiéis espalhados pelo mundo. Ao celebrar esta dedicação, somos convidados a renovar também a nossa própria consagração: ser templos vivos de Deus, por onde correm as águas do Espírito que dão vida ao mundo.
“O Senhor dos Exércitos está conosco: o nosso refúgio é o Deus de Jacó.”
Roseli Carvalho