“Bem aventurados, vós” (20b), os pobres em espírito, os que choram, os mansos, os que tem que sede de justiça, os que buscam a purificação do coração, o exercício da misericórdia e que enfrentam as perseguições por causa de Jesus e alcançam a recompensa no céu.
O Sermão da montanha apresenta o distintivo daqueles que verdadeiramente seguem Jesus, daqueles que entenderam que o seguimento ao Senhor é oposto ao seguimento daquilo que o mundo prega como parâmetro de felicidade, e que procura nos arrastar com as propagandas das mais variadas formas.
Não faz sentido nenhum este texto do evangelho para quem não encontrou na Pessoa de Jesus a fonte de sua alegria, pois, o que o Senhor indica como boa aventura, como indicador de felicidade é totalmente o inverso aos valores falsos de felicidade que o mundo apresenta. “Bem aventurados vós, os pobres em espírito, porque vosso é o Reino de Deus” (20b) Numa sociedade em que o dinheiro é idolatrado sem escrúpulos, associar pobreza em qual nível for com felicidade é algo considerado loucura. Porém, é justamente essa a primeira e a mais importante bem aventurança que precisamos nos esforçar em viver. Ser pobre em espírito é reconhecer que a vida só faz sentido se tiver completamente em Deus, na realização de sua vontade. Ser pobre em espírito significa ainda reconhecer que a única riqueza que existe é o próprio Jesus. Que ter o encontro com o Cristo ressuscitado é o tesouro mais valioso de toda criação e por causa desse encontro, que deve se renovar continuamente, devemos ter a coragem de abrir mão e despojar dos apegos a tudo que se diz ser riqueza, mas são falsas. É um paradoxo e um princípio eterno: quem reconhece em Jesus Cristo a riqueza verdadeira, vive a pobreza em relação a tudo o mais, pois, seu coração é livre, despojado de qualquer outra coisa que queira ocupar o lugar de Deus.
Todas as demais bem aventuranças se fundamentam nesta primeira, da centralidade dela, as demais decorrem naturalmente. Mas, não há outro caminho, ou procuramos seguir Jesus pela prática delas, ou não nos encontramos realmente com Jesus. Seguir Jesus Cristo e não se esforçar com todas as forças para viver as bem aventuranças é uma esquizofrenia espiritual, porque essas realidades ditas por Jesus como o que determina a felicidade são como que os traços da própria personalidade de Jesus. O que Jesus diz no sermão da montanha é o itinerário, o programa de vida que precisamos considerar como parâmetros para não ficarmos reféns de falsas felicidades.
Devemos fazer de tudo, buscar com todas as nossas forças nos abrirmos ao Espírito Santo e hoje tomarmos a firme decisão em fazer das bem aventuranças nossa regra de vida pessoal, familiar e comunitária.
Se passarmos pelas rejeições e perseguições, desde que realmente sejam pelo testemunho autêntico do seguimento de Jesus, aí sim, gozaremos em nossos corações da alegria celestial, não podemos é nos deixarmos confundir, considerando que qualquer rejeição e perseguições são causas de felicidade, porque, existe o risco de vivermos mal a nossa vida cristã e por isso as pessoas não nos aceitarem, pois, não traduzimos Cristo Jesus verdadeiramente.
Todavia, colocando Jesus Cristo no centro, procurando pela prática das bem aventuranças seguir ao Senhor, iremos nos conformando cada vez mais a Ele, e em consequência, por não se fazer valer dos valores falsos do mundo que querem nos escravizar, poderemos sim passar por perseguições, mas, no coração estaremos felizes, pois, seremos convictos da presença de Jesus junto a nós.
Texto: Emerson Alves
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