No Evangelho de hoje Jesus, na véspera da sua morte, despede-se dos discípulos. Informa-lhes que vai retornar ao pai, mas que estará sempre em comunhão com eles. O Espirito Santo que vão receber ensinará tudo e os recordará de tudo que Jesus lhes disse enquanto andou com eles, fará com que eles se mantenham em comunhão com Jesus. Dessa forma eles poderão continuar no mundo o projeto do Pai, até o reencontro final com Ele.

Jesus estava á mesa com os discípulos, depois do pôr do sol, na cidade de Jerusalém. Daí a poucas horas seria preso pelos soldados do Templo, levado diante do tribunal, o sinédrio, e condenado á morte. Na manhã do dia seguinte, após a confirmação da sentença pelo governador Pôncio Pilatos, Jesus seria conduzido pelas ruas da cidade até uma pequena colina fora das muralhas, no lugar chamado Calvário, que em hebraico se diz Gólgota, para ser crucificado. Para Jesus, aquela refeição, a última ceia, com os discípulos, servida á noite, é uma ceia de despedida. A sombra da cruz paira sobre tudo o que vai ser dito a volta daquela mesa. Mais do que com o seu sacrifício, nessa noite, Jesus está preocupado com seus discípulos, são pessoas vulneráveis, que não entenderam totalmente os valores do Reino. A preocupação naquele momento era com a reação deles diante dos acontecimentos do dia seguinte. Eles poderiam fraquejar ao verem seu Mestre ser crucificado e abandonarem o Projeto de Deus. Mas Jesus espera e orienta no sentido de acolherem O Espirito Santo e assumirem a missão de dar testemunho do seu projeto em todos os lugares por onde caminharão a partir de agora. A função do Espirito Santo será de ensinar e de recordar aquilo que Jesus disse. Ele será uma presença constante, que auxiliará os discípulos, trazendo-lhes continuamente á memoria os ensinamentos de Jesus e ajudando-os a lerem essas propostas á luz dos novos desafios que o mundo lhes impuser.
Consciente que lhe resta pouco tempo Jesus procura lembrar aos discípulos o essencial do que havia ensinado enquanto caminhava com eles pelos caminhos da Galileia e da Judeia e procura fazê-los entender a importância de se manterem em comunhão com Ele. Pouco antes de lhes dizer as palavras que o Evangelho deste sexto domingo da Pascoa ensina, Jesus tinha afirmado que era “o caminho, a verdade e a vida” e tinha convidado os discípulos a percorrerem, sem hesitações, esse caminho. Tinha lhes garantido que quem percorre esse caminho vai ao encontro do Pai. Porém os discípulos ouviram Jesus com alguma desconfiança. Não acreditavam, naquele momento, ser possível percorrerem esse caminho sem a presença física de Jesus para guia-los.
Jesus vai partir ao encontro do Pai e os discípulos deixarão de O ver caminhar á frente deles, como acontecia até agora. Mas isso não significa que a ligação que têm com Ele seja rompida e que eles fiquem sozinhos no mundo, abandonados á própria sorte. A comunhão de amor se manterá e eles, também, estarão em ligação com o Pai – “Se alguém me ama, guardará minha palavra e meu Pai o amará. Eu e meu Pai viremos e faremos nele nossa morada” – Jo 14,23. O Pai e Jesus, que são uma só pessoa, estabelecerão a sua morada no discípulo; viverão juntos, na intimidade de uma nova família.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
Dalva Pereira Silva Soares