No Evangelho de hoje (Jo 21, 1-19), neste terceiro domingo da Páscoa, João apresenta os discípulos Simão Pedro, Tomé, Natanael, Tiago, João e mais dois não identificados. São sete e o numero sete é, na cultura hebraica, símbolo de totalidade, de plenitude. Eles representam aqui a totalidade da comunidade de Jesus, empenhada na missão e disponível para ir ao encontro de todos os povos e nações.
Os evangelhos ensinam que a pesca é a missão que Jesus confia aos discípulos “Venham após mim e, farei de vocês pescadores de gente” Mc 1,17. O mar era considerado, na antiguidade, o lugar onde estavam as forças do mal, o desconhecido que escravizavam o homem e o impedia de ter vida plena, em abundancia. A missão dos discípulos de Jesus é, portanto, libertar os homens que vivem mergulhados no mar do sofrimento, da escravidão e da morte. Pedro toma a iniciativa de ir pescar, pois é a ele que é dada a missão de conduzir o povo no caminho da libertação. Os outros o seguem incondicionalmente. Reconhecem nele o escolhido por Cristo para continuar sua Missão.
A pesca realizada durante a noite se torna improdutiva. A noite representa aqui o tempo das trevas, da escuridão, significa a ausência de Jesus.
“Nós temos que realizar enquanto é dia, as obras daquele que me enviou. Quando vier a noite ninguém poderá trabalhar. Enquanto estou no mundo, eu sou a luz do mundo” (Jo, 9,4-5).
Trabalhando a noite, com Jesus ausente, o trabalho desenvolvido pelos discípulos torna-se um verdadeiro fracasso. Ao amanhecer chega Jesus, a luz que ilumina, que mostra o caminho, a luz do mundo. A presença de Jesus abre perspectivas novas ao trabalho que os discípulos deverão desenvolver. No tempo novo, na igreja fundada por Pedro, a ação de Jesus no mundo é exercida por eles.
Concentrados no seu esforço inútil, fora do verdadeiro sentido, os discípulos nem reconhecem Jesus quando Ele se apresenta. Estão desorientados e direcionados ao fracasso. Mas Jesus lhes dá indicações de como pescar e as redes enchem-se de peixes. O resultado, o sucesso da missão, não se deve ao esforço humano, mas surge da obediência, do reconhecimento dos discípulos de que só Jesus ressuscitado é o caminho, a verdade e a vida.
A história da pesca milagrosa no mar de Tiberíades, após a ressureição de Jesus, é uma maravilhosa parábola sobre a missão da igreja nascida de Jesus. Para todo o sempre Jesus tem de continuar a ser, a cada passo, o centro, a referência, o princípio e o fim. O projeto e a missão são D”Ele. A comunidade cristã em missão tem que estar constantemente sintonizada com Jesus, a escuta de Sua Palavra e observando suas orientações. Tem que lançar as redes onde Jesus mandar, de viver de acordo com o estilo e os valores que Ele definiu.
Aquele que, em algum momento da vida, decidir se afastar da luz de cristo, independentemente do sucesso pessoal e material que obtiver, nunca será sinal de testemunha da salvação de Deus para homens e mulheres que vivem no sofrimento da falta de amor e esperança.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
Dalva Pereira Silva Soares