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Ouça o grito amoroso de Deus: “Voltai a mim”

O tempo litúrgico da quaresma é o momento em que o Pai faz ressoar em toda terra o seu grito de amor: “Voltai a mim” (Jl 2, 12a). Deus Pai, envia seu Filho, o segundo Adão, que bate a nossa porta e nos chama a conversão. Converter, na cultura bíblica do primeiro testamento significa mudar o caminho, assumir novas práticas, outro comportamento. Já em Jesus Cristo, a conotação para a palavra conversão pode ser traduzida pelo termo em grego: metanóia. Que podemos considerar no português como sendo “revolução mental”. Meta, pressupõe movimento, reviravolta; noia ao lado da preposição meta, é um substantivo que indica a mente.

Depois de iniciar com a conceituação do que é converter-se, vamos refletir, a luz da liturgia da Palavra neste 1° domingo da quaresma (26/02) com a palavra inspirada que está registrada em Mateus 4, 1-11.

Quando o Senhor nos chama de volta, devemos partir da premissa de que, em determinado momento estávamos nalgum lugar, onde Deus Pai nos ordena a voltar. Que lugar é esse? Na origem de nossas vidas, morávamos dentro de Deus, dentro da Trindade. Quando o Pai pronuncia as palavras que aparecem no livro do Genesis: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança” (Gn 1,26), Ele nos cria de dentro das Pessoas Trinitárias. O lugar do homem é no seio de Deus, por a ordem Divina é para que a humanidade volte para Si.

Na primeira leitura de hoje, (Gn 2,7-9; 3,1-7), ouvimos dizer que Deus formou e colocou Adão e Eva no Jardim do Éden, jardim das delícias, lugar onde pudessem degustar a glória de Deus. A liturgia, nos coloca diante de dois pontos, dos quais temos que escolher nos aproximar interiormente de um deles: o primeiro ou o segundo Adão. O pecado do primeiro Adão acontece no jardim do paraíso, mas, tão logo ele ocorre, advém toda desordem interna e externa. Cristo, o segundo Adão, foi tentado depois de quarenta dias de jejum, sem comer e beber, mas, no fim das tentações, depois de muitos sofrimentos, os anjos celestiais o servem.

O Evangelista Mateus, faz questão de dizer que Jesus, depois de ser batizado: “o Espírito conduziu Jesus ao deserto, para ser tentado pelo diabo”. (1), ser conduzido, no grego significa levar consigo, acompanhar, tomar pelas mãos e guiar. Logo no início do ministério público do Senhor, o Pai o conduz pelo Espírito Santo para ir ao deserto, onde foi para corrigir e redimir os pecados do primeiro Adão. No mesmo lugar em que Israel, o povo escolhido caiu três vezes em grandes tentações, Jesus Cristo, assume as lutas da humanidade e as vence.

O deserto é ambiente sagrado, lugar em que a Palavra se revela. No livro do Êxodo 3,1 conta-se que quando Moisés vai deserto adentro encontra-se com Deus. No livro de Josué, referindo-se ao deserto o Senhor diz: “Tira o calçado dos pés, porque o lugar em que te encontras é santo”. (Js 5,16). O deserto é lugar sagrado porque Deus nele quer se dá a conhecer, e por isso o demônio se levanta e tenta o homem para desviar-se da Palavra de Deus.

O povo hebreu no deserto havia caído na tentação da murmuração, se colocaram a reclamar do pão no deserto. Quando Jesus é tentado pela primeira vez, o tentador aproximou-se e disse a Jesus: “Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães!” Mas Jesus respondeu: “Está escrito: ‘Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (3-4). O Senhor vai na raíz da escravidão do pecado, no pecado da desobediência, quando o homem disse não á Palavra de Deus e opera a redenção.

No deserto, o povo de Deus caiu na tentação de provocar ao Senhor, dizendo: “O Senhor está ou não o meio de nós?” (Ex 17,7). Jesus, arranca das mãos do demônio o poder de escravizar o homem na incredulidade e na provocação ao Senhor. Jesus respondeu “Também está escrito: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus!” (7). O homem não pode inverter seu papel de criatura e querer tentar Deus.

Em Êxodo 32, 4, os israelitas adoraram o bezerro de ouro, e no deserto, o demônio leva Jesus para um pico muito alto, dizendo que lhe daria todos os reinos do mundo e a sua glória. O demônio lhe disse: “Eu te darei tudo isso, se te ajoelhares diante de mim, para me adorar”. Jesus lhe disse: “Vai-te embora, Satanás, porque está escrito: ‘Adorarás ao Senhor, teu Deus, e somente a ele prestarás servirás” (8-11). O Senhor que é Deus, se despoja da condição Divina, corrige o pecado de Adão de querer ser como Deus e mostra que somente a Deus se deve adorar.

A segunda leitura da liturgia de hoje (Rm 5,12.17-19), nos diz: “Consideremos o seguinte: O pecado entrou no mundo por um só homem. Através do pecado, entrou a morte. E a morte passou para todos os homens, porque todos pecaram” (12). São Paulo diz que o pecado faz a morte entrar no mundo. Em sua raiz, o pecado quer matar Deus. O homem ao pecar caiu na tentação de se colocar no lugar de Deus: “vós sereis como Deus” (Gn 3, 5b). O pecado faz o homem virar as costas para Deus, por isso, Deus ao enviar seu Filho para morrer na cruz está como que gritando: “Voltai a mim”.

Porém, além de afastar o homem da experiência do amor de Deus, o pecado coloca o homem contra si mesmo, o desordena, lhe tira o sentido da vida, que era viver em harmonia com Deus e com a criação. Quando o homem, por seu pecado se fecha em si, começam a acusação entre Adão e Eva, o assassinato entre os irmãos. A humanidade fracassa em sua vocação por conta do pecado!

A ordem de voltar ao Senhor deve ser assumida como uma decisão. Enquanto Adão quis ser como Deus, Jesus se fez homem, assumiu nossas lutas, venceu o demônio e nos deu a possibilidade de vivermos livres do pecado. A tentação do Jardim e do deserto continua. Mas, Cristo vem ao nosso encontro, se despoja da natureza Divina, toma a nossa condição humana e nos capacita para vencer o mal do pecado que está dentro de nós. Nele fomos justificados. O sangue de Cristo, a vitória de Jesus sobre o demônio nos reabilita a termos acesso a intimidade com Deus.

O novo jardim do paraíso é o próprio Cristo, que em seu mistério Pascal, encarnação, paixão, morte e ressurreição nos devolve o direito a presença de Deus. Em Cristo somos reintroduzidos no seio da Trindade. A porta de acesso á Deus é o coração de Jesus que foi trespassado pela lança de nossos pecados, e somente o adentramos com um firme propósito de conversão, com uma escolha livre de nos deixarmos transformar interiormente pela graça Divina.

Texto: Emerson Alves

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