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Pecadores públicos ou fariseus, quem são eles hoje? Quem somos nós?

A liturgia deste 30° Domingo do Tempo Comum nos convida ao reconhecimento de quem somos nós, e o auxílio para bem respondermos, encontramos na narrativa de Lucas 18, 9-14.

O texto traz a parábola de Jesus, que tem como eixo central o que se diz na seguinte introdução: “Jesus contou essa parábola para alguns que confiavam na sua própria justiça e desprezavam os outros. Dois homens subiram ao Templo para rezar: um era fariseu, o outro cobrador de impostos”. (9-10).

Ser fariseu significava colocar sua justificação em suas próprias obras. A mentalidade farisaíca consiste em colocar-se diante de Deus como justo, como pessoas que não erram, que não são pecadoras públicas, pois cumpriam as leis Divinas e, inconscientemente, achavam que, por isso, Deus tinha quase que o dever de honrá-las.

Cumprir as leis e fazer as obras era e é essencial, é expressão de uma fé viva, o problema, contudo, estava em suas motivações. Em considerar-se não necessitado de salvação, mas já salvo devido as obras praticadas. Com essa conduta se levanta barreiras para a experiência da misericórdia. Ser fariseu, falando de maneira grosseira, é viver de forma a centralizar a pessoa humana, sentir-se e se entender como merecedor de tudo, relegando a Deus o papel de coadjuvante, esvaziando o mistério Pascal, a força salvadora do Senhor.

Já os pecadores públicos são os cobradores de impostos, trazem essa fama por terem assumido publicamente o rompimento com o judaísmo, preferindo servir aos interesses do império romano. Por isso os judeus os considera traidores. Viviam marginalizados, não podiam se aproximar do altar Sagrado, não podiam frequentar a casa de familiares judeus. Os judeus nutriam por eles verdadeiro ódio, pois eram representantes dos opressores, e ainda corruptos. Porém, diante do testemunho de Jesus, vendo a maneira como em Sua Pessoa se manifesta a compaixão, os pecadores públicos sentem-se motivados a se exporem diante de Deus, á assumirem suas misérias por completo, pois o Deus que o Senhor Jesus Cristo revela é rico em misericórdia.

No tempo presente aonde estão os pecadores públicos? Onde estão os fariseus? Quem são eles? A resposta á essas questões nos exigem abertura a luz do Espírito Santo, requer de cada um de nós a coragem de deixar-se confrontar pela Palavra.

Na maioria das vezes eles estão muito mais próximos do que imaginamos. Mais próximos que nossos vizinhos. O pecador público e o fariseu habitam dentro de nós. Por conta do nosso pecado organização temos sementes dos dois em nós, muitas vezes, temos que admitir, frutificam os dois comportamentos em nós.

Se nos analisarmos com um senso objetivo e formos verdadeiros, quantas vezes somos pessoas com práticas farisaicas? Há um grande risco de colocarmos em nossas orações, em nossa piedade, nos ritos que cumprimos a nossa segurança. Quantas vezes até na Igreja, durante as celebrações ao invés do olhar do nosso coração se fixar na ação salvífica de Jesus Cristo, estamos olhamos para o exterior das pessoas, reparando como nossos irmãos estão ou são, nos comparando, como o fariseu da parábola e dizendo no íntimo de nós: ‘Ó Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens, ladrões, desonestos, adúlteros, nem como este cobrador de impostos. Eu jejuo duas vezes por semana, e dou o dízimo de toda a minha renda’. (11-12), sem nos darmos conta de que agindo assim, estamos criando barreiras para a verdadeira experiência de salvação, e nos comportando como autênticos hipócritas, escravos do farisaismo.

Quantas vezes ao vermos pessoas que estão com comportamentos inadequados em relação a Palavra de Deus, não entendemos que são irmãos nossos, em nada são piores que nós. E, ainda que vivam as margens de nossos grupos, excluídos e julgados até pela sociedade, sendo considerados pecadores públicos, pessoas sem dignidade de se aproximarem das coisas de Deus, mas que, devido aos gestos do Senhor podem até nos preceder nos céus, como diz o próprio Jesus: “Em verdade vos digo: os publicanos e as meretrizes vos precedem no Reino de Deus!”, isso, não porque suas práticas são aprovadas pelo Senhor, e sim porque podem se arrepender diante da oferta de amor gratuito do Senhor, terem suas vidas transformadas e nós, sob o risco da insensibilidade diante da presença misericordiosa de Jesus, podemos ficar paralisados numa autoreferenciação, sem admitirmos nossas misérias.

Com o publicano da parábola, devemos aprender, que ainda as pessoas não saibam de nossos pecados, que não sejamos impedidos de nos aproximarmos do altar, nós somos indignos. Não temos merecimento da graça salvadora, não temos o direito de nos aproximarmos das manifestações de Deus sem reconhecermos que isso se deve a bondade de Deus.

É importante termos claro que não são os pecados públicos apenas, que podem nos matar, numa análise de riscos espiritualmente falando, existe um perigo até maior de que escondendo dos outros nossa condição pecadora, viermos a achar que até de Deus podemos ocultar nossas misérias, sem delas nos arrependermos com perfeita contrição.

Texto: Emerson Alves

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