Estamos iniciando a Semana Maior, chegamos próximos do ponto central de nossa fé: celebrarmos a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo e assim termos a graça de fazermos a nossa Páscoa espiritual.
Quando olhamos a multidão gritando: “Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! Bendito o Reino que vem, do nosso pai Davi! Hosana no mais alto dos céus!” (Mc 11, 9b-10), devemos entender que se tratava da mesma multidão que uma semana depois, se pôs a gritar: “Crucifica-o! Crucifica-o!” (Lc 23, 21b). Quais seriam as motivações dos dois gritos? Eis uma questão que devemos refletir e que nos ajudará na assimilação da Palavra inspirada para hoje.
Quando a multidão clamou: “Hosana, Bendito aquele que vem!” Ela acabara de ver o milagre que Jesus realizou na vida de Bartimeu (Mc 10, 46-52), ao assistir o feito do Senhor, surgiu em seus corações uma esperança messiânica, eles pensaram que o Reino de Israel seria imediatamente reestabelecido. Em seguida, logo depois de operar o milagre, Jesus entra em Jerusalém, e eles seguiram a orientação de Jesus á risca, prepararam sua chegada na cidade Santa, soltaram e cobriram o jumentinho com um manto e estenderam mantos pelo caminho que Jesus haveria de percorrer, mas, assim o fizeram porque consideravam que estavam diante daquele que os profetas anunciaram.
Outra reflexão possível que podemos pensar é que neles tenham surgido a ideia de que Jesus se declararia Rei de Israel e que iria combater os poderes do império romano e das autoridades religiosas segundo seus desejos. Entretanto, ficaram frustrados com Jesus, pois, ao invés de procurar os palácios e cumprir um papel religioso e político conforme imaginavam, o Senhor agiu e seguiu um destino bem diferente. Ele começa a anunciar o que lhes foi incompreensível, pois, Jesus diz que seu trono não seria como os tronos deste mundo, mas sim a cruz. A desilusão foi o resultado de uma não compreensão da Pessoa de Jesus e de sua obra de salvação.
E diante desse ponto podemos e devemos fazer alguns questionamentos que serão oportunos para nosso propósito de conversão: de que forma compreendemos o reinado de Jesus? Como seguidores de Cristo Rei, quais as nossas expectativas? Diante de qual trono estamos nos prostrando? Reconhecemos que o nosso lugar é aos pés da cruz? Queremos nos revestir com o manto da misericórdia de Deus afim de passarmos da escravidão do pecado para a vivermos o estado de graça, que só atingimos quando estamos em comunhão com o Senhor.
Ao invés de estender vestes por onde Jesus vai passar, hoje estamos sendo chamados à estender o acesso de Jesus Cristo á todas as áreas de nossas vidas, pois, é em nossas vidas que Ele quer não apenas passar, mas estabelecer seu senhorio.
Que possamos hoje tomar a firme decisão de empreender a subida a Jerusalém, ou seja, nossa caminhada de cura, libertação e conversão. É preciso que nos deixemos convencer pelo Espírito Santo e que, a exemplo do apóstolo Tomé, possamos dizer: “Vamos também nós, para morrermos com ele!” (Jo 11, 16). Que esta Semana Santa seja a nossa declaração de morte ao pecado em nossas vidas, e realizemos a entrega de todo nosso ser ao Senhor.
Que sob o auxílio do Espírito Santo tenhamos a expectativa de fé de sermos transladados para a vida nova que o Senhor nos comunica de sua cruz.
Texto: Emerson Alves
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