Cheio de orgulho por ter descoberto o verdadeiro sentido para a vida, o monitor da Comunidade Terapêutica Acolhedora Reviver, Vicente Gonçalves Santos, de 40 anos, conta que foi Deus quem mostrou que ele precisava se libertar das drogas. Além disso, Santos destaca a importância que a família dele teve durante o período de recuperação, e como é significativo ajudar quem está enfrentando o problema a dependência química.
Vicente relata que está há 10 anos na Reviver, sendo um ano como acolhido e nove trabalhando como monitor da Comunidade Terapêutica, e que considera esse marco como sua idade, uma vez que celebra como se fosse um renascimento.
“Foi a partir da Reviver que eu comecei a viver, porque antes eu estava me destruindo. Fiquei quase 15 anos na dependência química, até que eu decidi que não queria mais essa vida”.
Adolescência
Vindo do interior de Minas Gerais, Vicente nasceu e passou a primeira parte de sua vida no município de Januária, situado na região do Médio São Francisco. Foi aos quinze anos de idade que ele teve o primeiro contato com o álcool e com as drogas. O monitor relata que quando estava com 27 anos, sua família o internou para tratar do vício, mas, como ele ainda não assumia para si mesmo que tinha um problema, o tratamento acabou não funcionando. “Passei a fazer uso escondido, foi aí que afundei mesmo. Saí de casa, fiquei praticamente morando na rua, não sabia quando ia comer. Todo o dinheiro que conseguia de bico gastava com a droga”, conta.
Deus manda pessoas
O monitor relata qual foi o momento em que ele percebeu que precisava mudar de vida. “Chegou num ponto em que Deus me deu um sinal para me afastar desse mal. Um traficante foi me cobrar uma dívida de droga, mas eu não tinha dinheiro na hora e ele me mostrou o revólver e ameaçou a minha vida. Um vizinho que eu sempre fazia bico me chamou e me emprestou o dinheiro para eu pagar o traficante. Em troca, o vizinho me pediu para sair dessa vida. Eu aproveitei essa oportunidade e decidi procurar o tratamento novamente”.
A partir dessa decisão, Vicente retomou o contato com sua família para pedir ajuda, que por sua vez se mobilizou para encontrar um lugar em que ele pudesse ser internado. Foi então que ele conheceu a Reviver e começou a se curar. “Desse dia em diante que minha vida começou a mudar. Se eu não saísse dessa vida hoje eu não estaria mais aqui”, testemunha.
Tratamento
O início não é fácil, a abstinência mexe muito com a força de vontade, explica Vicente, mas, ele pondera também que é de Deus quem vem a força para seguir em busca da libertação da dependência química. “Quando dava vontade de ir embora, abandonar o tratamento, eu ia para capela pedir força. Eu não queria mais a vida que eu levava, eu sofri demais, não queria mais isso, queria me curar”, comenta.
“A convicção de que eu queria uma vida nova me ajudou a persistir no meu propósito e continuar enfrentando todos os obstáculos que surgiram, levando um dia de cada vez”.
Família
Foi a família de Vicente que o ajudou nos momentos mais difíceis e sempre o apoiou a se manter firme no tratamento. “Minha mãe me deu muita força. Ela ia me visitar todos os meses, mesmo quando quebrou o pé. Eu via aquela força de vontade dela de ir me ver e pensava que não queria dar mais desgosto para ela”, conta o monitor.
Livre das drogas, Vicente também diz que reatou os laços com os próprios familiares.
“Antes eu não conversava com meu irmão e tinha brigado com minha irmã e com meu cunhado. Mas agora a gente é muito unido! Nos falamos sempre por ligação de vídeo e quando nos encontramos é muito bom, conseguimos matar a saudade. É sempre uma tristeza para despedir”.
Monitor da Comunidade Terapêutica
Após passar um ano internado, Vicente foi convidado a continuar na Comunidade Terapêutica, mas agora como monitor. Para ele, foi um momento de muita alegria, porém também de apreensão. “Eu senti que o melhor para mim era continuar perto da Reviver, mas ouvi que estava puxando saco, que tinha medo de voltar pra rua. No início foi difícil, pois os internos eram meus companheiros e eles não aceitavam muito o que eu falava, encontrei bastante resistência da parte deles”, testemunha.
“Eu acredito que a gente tem que ficar perto de quem ajuda a gente e pra mim é uma alegria poder continuar na Reviver ajudando novos acolhidos. Sou monitor e também dou a Oficina de Panificação. Até hoje eu aprendo muito com os internos e sou um exemplo vivo que o tratamento dá certo”.
De acolhido, Vicente agora é monitor na Reviver
A nova vida
Vicente, que hoje é casado, tem muito orgulho de sua trajetória. “Antes eu andava de cabeça baixa, envergonhado. Mas hoje eu sei que estou trilhando o caminho certo e sou um homem digno. Não é fácil sair das drogas, mas é possível e muito mais recompensador!”, destaca.
Ele aponta que é um processo longo e a cura é realizada a cada dia. “Até hoje tem lugares que evito ir, porque tem alguns gatilhos que podem me levar a ter uma recaída. Mas me sinto muito fortalecido por Deus e cercado de pessoas que me incentivam a continuar trilhando o caminho correto.
“Agradeço a Deus todos os dias por ter me dado a força que eu precisava. Ele nunca nos abandona é a gente que vira as costas para ele”.
É possível!
Para quem ainda não encontrou as forças necessárias, ou que não acredita na eficácia do tratamento, Vicente tem uma mensagem:
“Apesar da dificuldade, e da falta de incentivo que você possa ter, se essa mensagem tocar em seu coração, não desista. A Reviver pode te ajudar! Tenha fé em Deus, ele nunca nos abandona e coloca pessoas no nosso caminho para nos resgatar. Eu era uma ovelha que estava perdida e fui encontrado. Só tenho a agradecer a Reviver por ter salvo a minha vida. O tratamento dá certo sim! Basta querer. Não é fácil, mas também não é impossível”.
Os atendimentos e atividades presenciais na Comunidade Católica Reviver desta semana ficam suspensos somente na quarta-feira (8/12), por ocasião do feriado de nossa Senhora
Nesta semana a Comunidade Terapêutica Acolhedora Reviver receberá novos acolhidos, além dessa ação social, a programação semanal inclui atendimentos individuais de oração, grupos de