A igreja hoje celebra o dia de todos os fiéis defuntos, para renovar a esperança em um novo tempo, quando se cumprirá a promessa de um novo céu e uma nova terra, com a restauração e renovação completa da criação, quando Deus habitará eternamente com Seu povo. Hoje é dia de se viver a alegria da saudade, porque a saudade é o sentimento daquele que recorda aquilo que viveu com alegria, de quem se tem boas lembranças. Sentir saudade de um ente querido falecido indica o privilegio de ter convivido com ele. É uma oportunidade de agradecer a Deus por ter permitido esses momentos. A esperança deve ser o guia daquele que crê nas promessas de Deus. Em meio a todas as dificuldades presentes em sua vida, a certeza da presença de Deus fortalece-o a perseverar, a acreditar nos novos tempos.

O Evangelho de hoje traz a figura da viúva que perdeu o seu filho único na cidade de Naim. Ao deparar com o cortejo para o enterro Jesus se compadece daquela mãe, se aproxima, toca o caixão e ordena que o jovem se levante, retornando á vida. Aqui, se vê, não só a sensibilidade de Jesus diante do sofrimento, mas também, a sua opção em favor dos mais pobres, dos fracos e marginalizados, classe social a que aquela mulher pertencia. Esta passagem do Evangelho chama mais atenção pelo milagre da ressurreição realizado, mas a compaixão verificada no ato é algo muito mais grandioso. Revela o Coração do Senhor, capaz de sentir e viver os sofrimentos de seu povo.

O Evangelho destaca, também, Jesus como a vida que vem ao encontro da morte, para trazer compaixão e transformação, ressaltando a sua humanidade e amor. Ao encontrar o sofrimento de uma viúva e seu filho morto, Ele, movido por um amor profundo, restaura a vida. A fé deve ser o norte da vida daquele que busca as graças de Deus, que age movido pela justiça e pelo serviço à obra do Reino, vivendo com esperança, alegria e busca de novas oportunidades. A morte, presente na procissão fúnebre na cidade de Naim, se afasta diante da presença de Jesus. Este é sempre luz e esperança para todos. A fé é o elemento essencial para que a ação de Deus se manifeste na vida daquele que crê.

Todos são convidados a imitarem o filho de Deus, se mantendo no caminho do serviço à sua comunidade e fieis ao Seu projeto; se comoverem diante do sofrimento do irmão, pelas realidades das tragédias no mundo, não serem indiferentes, serem solícitos e permitirem que outros possam contemplar em si a imagem viva de Jesus.

Faz parte da natureza humana algo muito contraditório, o desejo de ser eterno e, ao mesmo tempo pensar sempre dentro da categoria tempo. É impossível pensar no eterno sem questionar como seria. Recordar os fieis defuntos é refletir sobre a finitude humana e, ao mesmo tempo, sobre o desejo da eternidade. O livro do Apocalipse fala do fim da morte, do luto, das lagrimas, da dor da perda. Pelo poder da ressurreição de Jesus Cristo, os anseios humanos foram realizados, tornaram-se presentes. Pela morte e ressurreição de Cristo o ser humano se tornou eterno. “Eis que faço novas todas as coisas”, isto é, eternas, sem envelhecer, sem a ação do tempo que não existe mais.

Cristo, ressuscitado dos mortos, não morre mais. Sendo Ele a vida, todo anseio de eternidade faz sentido e será realizado. O dia de hoje, dedicado á reflexão sobre o termino da caminhada humana na terra, longe de tirar a alegria de ser, aumenta o amor e a esperança, porque criados á imagem e semelhança de Deus, que é próprio Cristo, todos são resgatados e recriados por Sua morte e ressurreição para viverem a eternidade com Ele.

A reflexão fundamental de hoje é sobre um Deus, amoroso, fiel às Suas promessas, que intervém na vida das pessoas, através de seus sinais, como o milagre de Jesus relatado no Evangelho. Nele vemos o poder do Pai e do Filho, de amor e cuidado, renovando a fé e esperança de seu povo.

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Dalva Pereira Silva Soares